18 abril 2010

Não posso ser um, preciso ser dois.

As minhas pernas ficam tremendo como se eu fosse sair correndo sem olhar pra trás, disparado, ao mesmo tempo lento, pesado e leve.
As mãos não respondem sempre aos comando desejados e, por mais que eu queira, as extremidades dos dedos insistentemente apertam todas as teclas necessárias para ouvir você do outro lado. Eu posso sentir o que você sente, eu posso saber exatamente o que você sentiria se eu falasse, depois de tanto tempo: "eu te amo"... Eu posso ir aonde você esta, posso ouvir o que você ouve...
Eu posso fazer você e eu nos tornarmos um só, todos os sentimentos convergindo e sincronizados. Nossa raiva um do outro seria intensamente uma só, nosso amor intensamente um só.
Acho que foi por isso que nunca ficamos e talvez não vamos ficar juntos. Eu preciso ter os meus sentimentos, todos eles incompletos, controversos e intensos somente no meu corpo. Você precisa dos seus desequilíbrios e inseguranças somente pra você. Eu preciso do meu ódio e da minha misantropia somente pra mim.
Espero que hoje você saiba como ser dois. Eu aprendi na escuridão como ser um na solidão e dois no amor.
Acontece que eu e você vamos contra natureza, contra a física: tentamos ser um só, quando os dois queriam ser dois, mas juntos. Dois imãs que se atraem e que se retraem, uma correnteza que sobe. Tudo fica errado na ordem natural das coisas.


2 comentários:

Anônimo disse...

Te odeio qdo vc decifra!

Guilherme Maciel e Tabatta Iori disse...

Saber que alguem tbm é capaz de sentir isso, é como encontrar um ser da mesma especie, qnd já te disseram que vc estava em extinção e era o ultimo de sua safra. Isso eh lindo. PArabens