11 novembro 2010

Saí e me perdi no caminho de volta

Tento entender como as pessoas normais pensam. Como elas estabelecem conexões com a realidade. Às vezes acho que sou eu quem está no mundo real e os outros, num paralelo. Não consigo aceitar as relações de amizades. Como misturar os círculos de amizade? Como misturar os distintos tipos de caráter?
Tento manter equilibrado meu pleno juízo, que mais parece um equilibrista na corda bamba, tropeçando e cambaleando para a direita e para a esquerda. Minha sanidade parece ter vida própria: ela brinca comigo, me ilude e faz tudo parecer tão normal quanto a própria normalidade.
Minha vertigem não é normal. Já não tenho o mesmo cérebro que tinha há cinco anos.
A degeneração constante parece que não pode ser impedida. Um trem do leste europeu vazio, numa velocidade absurda: nada pode pará-lo, mas não há nada a perder. Sinto aquela sensação de que o vento está tão forte no meu rosto que não consigo respirar... mas quando percebo, estou parado ou andando lentamente. Já não faz mais sentido meu tato e os sinais que meus nervos emitem... Parece um plano arquitetado pelo meu próprio cérebro, uma bomba relógio que irá explodir quando bem entender...
Sinto muito se decepcionei vocês, mas é assim que deve ser. Não corra riscos, não corra contra os instintos do seu corpo. É inevitável... é por tempo indeterminado.
Mas é só dessa maneira que me sinto vivo. Que saberei que um dia estive aqui.




27 outubro 2010

Dolores

A dor atinge a intimidade, nosso núcleo. Invade de uma tal maneira que sucumbimos.
Ela fura. Perfura e rasga nossas entranhas. Rasga a nossa pele com dentes mal afiados. Cospe em cima das feridas. Joga areia, pimenta! nos olhos, e nos deixa ver a luz após a escuridão.
A dor é o choque. Nos faz sofrer e agonizar. E continua com o choque - sempre mais potente. Não para e aumenta a voltagem! Assim, quando estamos nos acostumando com a dor, ela vem e apunhala nossas têmporas vagarosamente.

A dor, ela arranca nossas pálpebras. Nos força a ver o que realmente é. Mas dói.

15 outubro 2010

Eu não faço poesia

Limito-me a descobrir o fim do infinito. Procuro a concordância do incoerente.

Encontro as mil paredes do universo e deságuo dois mil litros de sangue, água púrpura do agreste nordestino. Coloco nas costas a culpa que o mundo não se culpa, o tom mais pesado daqueles que não têm culpa.

Traço e rabisco a primeira estrofe do verso e do versus, do contra e do favor (por favor). Subo alto. Subo até dois pés acima do cume da montanha. Dois pés impossíveis, invisíveis. Bebo essa água púrpura pra sentir o drama. Para sentir. É assim que me sinto. Não faço poesia.

Sinto.

(pausa)



Impossível? – risos.

Eu amo desafios.

05 outubro 2010

Desabafo #1

Uma das coisas que mais me admirou no ser humano é a sua falta de caráter. A minha capacidade de confiar neles diminui ao passo em que eu os conheço. Isso é ótimo. Quando eu consigo, da forma mais patética e ridícula possível, confiar nessa espécie animal vagabunda que nós somos, alguém, dessa mesma espécie e exemplo perfeito de lixo humano, aparece na minha vida para mostrar que eu não estava errado e que não somos dignos de existir.
"Eu tenho plena convicção de que você não vai ler esse e-mail. Mais ainda, eu tenho certeza que você não responderá. Não é uso de psicologia reversa, é simplesmente a realidade. Não espero uma resposta."
Escrevo apenas para poder tirar todo o resto de humanidade com cheiro de chorume que você deixou. Se o meu coração chegou a bater acelerado por você, peço desculpas agora, porque você merece coisa melhor: uma simples, alienada, forte e burra pessoa ao seu lado. Ou melhor: merece ficar com várias pessoas para o resto da vida. Merece alguém que fique com você e que tenham uma vida normal - exatamente nos seus parâmetros - e que morram juntos, nem antes, nem depois. O "não morra antes de mim" é babaquice demais para você. Seja, da forma mais simples ou espetacular, no seu ponto de vista, feliz.
Com todas as possíveis tristezas e felicidades dividindo o mesmo espaço, eu me despeço. Sei que esse texto é pouco para limpar a mancha que você deixou, mas é só dessa forma que eu vou conseguir começar. E por favor, se passar pela sua cabeça que eu quero uma resposta, responda da forma mais grossa e pessoal - assim me ajuda a limpar tudo.

Este e-mail foi enviado para alguém que eu nem sei mais quem é. Não sei se eu conheci realmente, não sei nem se cheguei a conhecê-lo. E nesse momento, às 03h59min do dia 5 de outubro, eu aceitei pela primeira vez que ele saiu da minha vida. Eu choro, eu soluço quase mudo e fumo desesperadamente. Mas tudo isso abafa e simula uma realidade que quase não é minha.

12 setembro 2010

Veneno

Se tirar um pedaço de mim era o que você queria, você conseguiu.

Se roubar minha esperança em alguém era o que você mais sonhava, que queria fazer disso uma Odisséia: você é meu Ulisses.

E se quando você disse que me amava era pra poder me dar conforto e me afagar da forma mais sutil possível, agora estou deitado em uma cama de ouriços do mar, venenosos, letais, infernais.

Se me tornei cego por um momento, queria na verdade ver até onde ia você e sua paixão.

E se a forma covarde como você age é o máximo que eu consigo ter, eu espero ser o único a sentir o gosto amargo e quente da pólvora.

Espero ser o único a ver o próprio sangue derramado no piso do corredor de casa, vermelho-paixão e quente que cause combustão.

16 agosto 2010

A matéria bruta da alma

Sempre me confundo com a data em que nasci. Sou incapaz de me recordar exatamente a primeira vez que respirei. Talvez tenha ocorrido diversas vezes e eu parei de contar na terceira – ou nunca contara. Talvez a data de nascimento exata seja aquela que consta nos autos dos documentos de onde eu vivo. Mas eu mesmo poderia adulterar incoerentemente e ilegalmente de alguma forma.

Certo é que eu me sinto nascendo quando respiro de uma forma diferente. Um suspiro seguido de um arfar tão intenso que me lembra o primeiro suspiro de alguém nascido. Aqueles que não nasceram, mesmo agora vivos, não sabem do que estou falando e talvez nunca saibam. Mas não me importo tanto assim com eles.

O frenesi das primeiras respirações é intenso. Os brônquios pulmonares gritam e gritam desesperadamente. Também não me importo com eles. Uma hora ou outra, eu mesmo não vou saber o que é esse respirar. Não vou saber ‘como’ respirar. Também não me importo.

Estar vivo pela primeira vez não me satisfez.

Precisei morrer diversas vezes até saber como não viver mais. Até agora não aprendi como não sobreviver.

Há aqueles que sabem do que eu estou falando. Aqueles que não sabem, aconselho a parar de ler agora. Na leia as próximas linhas, frases, parágrafos. Não leia mais nada na sua vida. Tornar-se ignorante novamente, com apenas uma vida vivida, seria o Éden pra mim. Mas é tarde pra que eu consiga sair desse inferno que entrei. Fui jogado. Enterrado vivo. Jogaram cinzas do holocausto sob e sobre meu túmulo. Agora vivo de uma forma ofuscada, fedida e encantadoramente assustadora.

Também não me importo.

Continuo na inércia de quem só vê o mundo de maneira despreparada. Não sei quantas vezes mais vou precisar viver e morrer, morrer mais vezes. Morrer de formas humanamente impossíveis. Se você já morreu de formas inumanas, não me ensine. Quero aprender e apreender todas elas em uma só vida. Uma vida viva. O medo de me tornar humana me transforma em coisa. Tão exótica e comum aos olhos de todos, que eu mesmo me enojo. Mas não tenho escolhas. Preciso ficar nesse inferno até aprender a morrer.

Dias se passam e a inércia e merda do mundo continua vivendo sua patética vida. Ninguém para. Quando para, é pra sempre. É preciso saber ressuscitar. Dar o primeiro suspiro novamente. Expirar cada vez mais forte. Assustar sua incerteza. Mas continuar incerto, até acertar. Não acerte. Torne incerto para que todos outros se percam e tentem se achar.

Achar-me consome mais tempo do que imaginei um dia. Há anos tento, procuro e cavo sempre pra cima. Mas faço o caminho inverso. Cavo mais fundo ainda meu túmulo, sonhando estar cavando na direção certa. Sou guiado pela fé de que um dia encontrarei o ápice da humanidade. O ponto ‘g’ decisivo, incisivo. Rogo pelos que rogam e faço uma prece que parem. Não é possível tornar-se humano. Mas desistir de tentar me consumiria algo mais valioso: minha morte.

Capitulo Final

Matar é algo saboroso. Aos olhos de quem vê, de quem mata e de quem morre. A mensagem rápida e segura da morte.

Quem vê o assassino não sabe o gosto que ele sente na boca. Não sabe o gosto que ele sente ao dar cabo à vida de outra pessoa. O sabor de tirar a humanidade de alguém.

O assassino tira alguém da humanidade. Controla e estipula a vida. Põe ela em forma do que quiser, tal como a massa de modelar. A matéria bruta da alma se torna tão maleável como o aço. Quebrar mesas de mármore se torna fácil depois que matamos alguém. Entrar na água, líquida e densa até certo ponto torna-se impossível. A água é impenetrável – para quem mata e para quem morre. Quem assiste, consegue penetrá-la de forma sutil

09 agosto 2010

Receita caseira

Ininterruptamente o problema da saudade persiste.
Para resolver o problema utilize a seguinte receita:
1 pitada de raiva
2 xícaras de chá de música alegre
3 xícaras de chá de música triste (pode-se usar também música down de origem estrangeira)
7 colheres generosas de amor
Lembranças de bons momentos juntos à gosto.

Reserve em um recipiente maus momentos, ciúmes e a saudade que restar.

20 julho 2010

Liberdade é ter onde voar e onde cantar e onde pousar

Há tempos não me sentia assim. Talvez senti em duas ou três vidas atrás.
Agora sinto um gosto amargo. Mastigo o doce do céu e do açúcar do café pra tentar minimizar os golpes cada vez mais intensos e amargos.
Sangro por dentro, uma hemorragia psicológica tão intensa que fico sem forças pra levantar. Sento e só me vem lembranças.
Então eu deito e antes de dar um suspiro, mergulho numa correnteza de pensamentos tão forte que me arrasta pra não sei onde, me vira e revira de cabeça pra baixo e perco totalmente a direção. Me afogo em histórias que não aconteceram por bem ou por mal. Melhor: me afogo em histórias que não aconteceram porque ainda não é tempo, não há e não houve tempo.
Então eu acordo, me sento e acontece tudo novamente: sento-me, vem pensamentos, deito-me, revira-me e afogo-me.

Digamos que acordado perdi o chão. Perdi meu chão.
O que me consola é saber que pássaros não tocam no chão ao voar e cantam quando param em uma árvore aconchegante, até poder novamente tocar no chão.

10 julho 2010

Autor Desconhecido

Só se sabe o que é amor quando dele já sofreu. Não há cura, não há mistério: seja espancado por ele e se entregue.

27 junho 2010

Novo

Tudo cansa ver, pouco nos resta pra sentir.
A mudança sempre vem quando menos nos esperamos. Nunca estamos preparados, com malas prontas. Nosso coração ainda tem as feridas frescas e as cicatrizes não pensam em agir tão cedo.
As poucas lembranças boas são quase invisíveis e fracas. As más? Brutas.
Tentativas incessantes, insistentes e frustradas de esquecer algo que está na sua história.
O rumo que as coisas tomam fogem daquele que foi estabelecido. A gente se perde por um momento, mas se o novo rumo for o certo, te coloca no eixo e tu segue adiante.

23 maio 2010

Sou este

Eu sou daqueles que gosta de ver o vento mudar lentamente a forma das nuvens no ar frio do outono.
Daqueles que ri no pior lugar para se lembrar de alguma coisa cômica.
Daqueles que ama ver quando o vento bate em uma parede e forma um pequeno redemoinho, levantando o papel e as folhas caídas - é que as folhas saem do rumo, perdem o prumo.
Sem devaneios, mas me distraio com coisas esquisitas, angustiantes e simples.
Não sou uma salada - sou daqueles monocromáticos.

Eu sou este.

25 abril 2010

William, te explico:

pra amar alguém
eu tenho que ultrapassar todos os meus limites
colocar mais de um lado e tirar do outro
ou somente colocar mais de um lado,
desproporcionalmente
minha racionalidade não aceita e eu fico extremamente vulnerável, inconstante, desequilibrado e inspirado

18 abril 2010

Não posso ser um, preciso ser dois.

As minhas pernas ficam tremendo como se eu fosse sair correndo sem olhar pra trás, disparado, ao mesmo tempo lento, pesado e leve.
As mãos não respondem sempre aos comando desejados e, por mais que eu queira, as extremidades dos dedos insistentemente apertam todas as teclas necessárias para ouvir você do outro lado. Eu posso sentir o que você sente, eu posso saber exatamente o que você sentiria se eu falasse, depois de tanto tempo: "eu te amo"... Eu posso ir aonde você esta, posso ouvir o que você ouve...
Eu posso fazer você e eu nos tornarmos um só, todos os sentimentos convergindo e sincronizados. Nossa raiva um do outro seria intensamente uma só, nosso amor intensamente um só.
Acho que foi por isso que nunca ficamos e talvez não vamos ficar juntos. Eu preciso ter os meus sentimentos, todos eles incompletos, controversos e intensos somente no meu corpo. Você precisa dos seus desequilíbrios e inseguranças somente pra você. Eu preciso do meu ódio e da minha misantropia somente pra mim.
Espero que hoje você saiba como ser dois. Eu aprendi na escuridão como ser um na solidão e dois no amor.
Acontece que eu e você vamos contra natureza, contra a física: tentamos ser um só, quando os dois queriam ser dois, mas juntos. Dois imãs que se atraem e que se retraem, uma correnteza que sobe. Tudo fica errado na ordem natural das coisas.


29 março 2010

Dia do amor

Tem uma agonia tão grande no meu peito nesse momento, uma aversão enorme contra o ser humano.
Acho que se alguém encostar em mim, eu vou surtar.
Queria que várias bombas explodissem no metrô, no centro das cidades, que muita gente sofresse.
Parece que o ser humano só acorda quando sofre. Então o mundo precisa sofrer, sentir o gosto amargo, frio e azedo que é a dor.
Queria explodir e atingir o maior número possível de pessoas com realidade e atitute.

12 março 2010

Reinvente seu AMOR

As vezes os amores são seguramente a maneira mais inusitada de sofrimento.
As vezes o amor é, seguramente, a maneira mais ridícula de ficar feliz.
Talvez a tristeza de alguém ao meu lado traga uma tempestade incontrolável.
Talvez essa chuva molhe um campo seco, uma terra rachada de tanto sofrer com o sol.
Talvez uma linda rosa morra afogada, uma pele seca se encha de umidade.

28 fevereiro 2010

Preferências

Prefiro que tenham menos noção da minha vida.
Prefiro a morte natural ao suicídio, o frio ao calor, a chuva ao sol.
Prefiro sofrer à morrer sozinho, prefiro dias de risos aos dias de brigas.

Preferiria ser seco e frígido como um superfície de mármore, onde só a lava recém brotada pode esquentar.
Preferiria ter menos amigos, menos amores, menos paixões que a cada dia deixam meu coração mais e mais maduro.

Mas como já dizem, é bom quando causa estrago, quando dói.
É bom quando eu me sinto vivo e tenho plena convicção de que posso viver.
Por que sinto todos meus músculos se contraírem, sinto meus lábios se movendo para dar um leve sorriso, minhas sombrancelhas se juntando quando estou com raiva e o músculo mais agitado do meu corpo: sinto meu coração bater freneticamente de novo.


07 fevereiro 2010

(No) More cigarettes


Quando a fumaça do cigarro encontrou a superfície gelada da parede, ficou mais difícil de respirar.
Encostado e de costas pra ele, eu não sentia meus pés, nem minhas mãos: sentia apenas seu coração batendo mais forte.
O meu? Nunca parou de bater com tanta força quando encontrava ele.
Não precisaria enxergar, nem ouvir, nem falar...
O que me conforta é sentir sua presença.

27 janeiro 2010

A droga mais forte

Há alguns em que eu choro se me dão as costas, em que eu amo as risadas gostosas e aconchegantes dos meus amigos.
Eu sou viciado neles. São a morfina mais forte que eu poderia querer. São o ópio que eu uso pra fugir da realidade que me deixa desconfortável.
E são por esses que eu tento viver sem querer parar. Quero ouvir a voz deles até o último bater do meu coração. Quero sentir o efeito dessas drogas pra eu pensar em outras coisas, pensar que pode melhorar e que eles são o reflexo da minha existência.
E quando eu não aguentar mais, quando for um viciado em decadência, quero olhar pra eles e fazê-los dar o último sorriso que eu poderia ver. Seria minha overdose.

Obrigado Zaíra, Ana, Ana Cláudia, Cristiane, Bruna, Ana Paula, Janaina, Carol e Daiane, por terem tanta paciência comigo, esse meu jeito um tanto quanto cabeça-dura.

26 janeiro 2010

Um pedaço

Nessa manhã eu acordei achando que era um dia qualquer.
Me espreguicei lenta e preguiçosamente como sempre e joguei meus pés no chinelo já gasto.
Senti suas alças passarem por entre meus dedos, tão leve que achei não ter conseguido colocá-los corretamente.
Olhei para eles, pela primeira vez hoje, e percebi que havia acertado o alvo.
Mas algo estava estranho.
Quando dei o impulso necessário para me levantar, achei que ainda estava deitado com o peso distribuído uniformemente em meu corpo.
Demorei pra entender o que se passava.
Olhei novamente para meus pés e depois olhei pela primeira vez no meu travesseiro. Só aí me lembrei da noite passada.
Me lembrei que aquela água salgada no travesseiro eram lágrimas. Mas lágrimas de felicidade que com elas, você saiu e agora, nunca mais vai voltar.
Então dei apenas alguns passos à frente, abri a a janela do quarto e respirei, depois de anos, profunda e calorosamente.
Achei que meus pulmões não iriam suportar. Mas meu cérebro mandou uma mensagem que passou diante dos meus olhos e foi direto para o coração, que bateu regularmente.

A mensagem dizia:
"Pronto, agora você pode amar"

19 janeiro 2010

Meus erros

Preciso deixar você escondido no mais profundo de mim.
No baú mais escuro, com todas as milhares de chaves perdidas, sem nenhum chaveiro por perto. Todas os cadeados que eu coloquei durante esses 5 anos não foram o suficientes para me deixar protegido.
Mas já tem um bom tempo eu venho querendo mais. AGORA, EU quero mais.
Não quero me fechar e ficar seco, não quero me fechar e viver em uma bolha só você e eu. Cansei desse conto de fadas que nunca acontece e que o final feliz demora mais de 47 páginas pra acontecer. Cansa minha vista ler, cansa meus ouvidos te ouvir, cansa meu coração bater, cansa minhas mãos darem murros em ponta de faca.
Grande parte disso tudo é culpa minha, confesso. Mas eu sei como me castigar, como fazer para não fazer tudo de novo e deixar você chegar todas as vezes que quis perto do meu coração durante esses 5 anos.
Sei que já me perdi nos braços de outras pessoas tentando achar você, e que me perdi em mim mesmo, sem, por um bom tempo, saber ao menos que eu era. Quem eu sou e quem eu gosto de ser.
Ficar parado não adianta nada. Andar pra trás, menos ainda. Sem retrocesso. Uma vez você me disse: "Quem vive de passado é museu".
E agora eu percebo e caio em contradição, que não é você quem me machucava, era eu que tentava todas as vezes ser feliz da forma errada, ou com a pessoa errada. Mas eu relevo meus erros, porque sei onde erro e onde eu preciso melhorar.
Hoje eu sei o que não quero, sei o que não quero ser. Mas me limito já a ter certezas de algumas coisas. Sim, eu sei algumas coisas que eu quero. Uma delas: não querer mais me aproximar de você.
Prometo não sustentar mais essa ilusão. Me desintoxicar será tarefa difícil.
Deixar você, escondido, guardado, trancafiado no fundo da MINHA caixa de brinquedos é o mínimo que você merece, embora nossa história mereça algo melhor, algo maior.
Mas o sentimento que eu sinto por você, eu sei que também vou sentir por outra pessoa. E aí, demore o tempo que for, terei certeza de que será a pessoa certa.
Algumas vezes cheguei perto desse mesmo sentimento. Parecia que alguém cavava cada vez mais fundo no meu peito, pra chegar bem perto. E chegaram, duas vezes. Foi o suficiente pra saber que agora, eu posso mostrar pra outra pessoa que as 47 páginas são pouco pra mim. Eu quero uma eternidade. Eu quero uma vida.

Se me dá licença, eu peguei a minha vida, meu coração e minha história, de volta.

A chance

Será que é tão difícil uma pessoa perceber que você quer dar uma chance para o amor?
Para a paixão?
Tesão?
Sei lá!

Uma chance.

Raios!

Perfilando

Realista demais para acreditar no amor. Me afogo nas paixões e automaticamente me faço superar a perda de uma com outra. Me afogo nos amores precoces.
Masoquista sentimental ao extremo. Sofro de dor antes da hora. Agonizo de dor. Mas em pouco tempo passa, porque quase ninguém consegue chegar onde o primeiro chegou. Sou mais profundo do que pareço ser e, nem sempre, as pessoas ao meu redor (ou voce) precisam dizer algo pra eu saber o que estão pensando.
Imprinting seria demais pra mim.
Não tento ser difícil pois sei que posso perder alguém interessante.
Quando sóbrio, não gosto de me atirar nas pessoas, a não ser que elas me dêem brechas.
Não nasci querendo ser jornalista, mas as coisas fluíram para que tudo saísse como está saindo.
Existe uma amiga minha que eu não sei se eu sou o reflexo dela na água ou no espelho. Ou será que ela que é meu reflexo na água (distorcido) ou no espelho? Não sei.

A gente vai vivendo um dia após o outro, porque é impossível acabar com a vida antes que seja hora. Tentativas a parte, me sinto bem como sou, me sinto bem como estou.

Até que a morte nos separe.

Céus, ficou lindo!

07 janeiro 2010

Ano novo, casa nova

Faltam dois dia pra eu me mudar de casa. Morar com outra pessoa não parece ser tão fácil como eu imaginava.
Dividir as contas, não poder ficar sem dar a grana aquele mês, ter medo de perder o emprego, chegar tarde e ainda ter que preparar a comida. Algumas coisas só de pensar já me dão frio na barriga.
Confesso que estou me sentindo um tanto quanto desconfortável. Parece que eu não sei exatamente o que fazer. Mas eu sei o que é e que também já passou da hora disso acontecer efetivamente!
Mesmo com pessoas me encorajando, sinto um certo vazio. Não acredito que eu esteja fazendo isso por impulsividade. Acho que é mais precaução. Há algumas coisas com que eu já não me adaptava. Agora, vou ter de me adaptar com novas coisas.
Nova, Novo. Acho que é essa palavra que ainda me sustenta.

06 janeiro 2010

Primeiro dia do ano

Para muitos, o ano começou no dia 1º de Janeiro. Para outros, o ano não chegou a começar.
Mas pra mim, o ano começou dia 4, pra tentar ser mais exato, lá pelas 20 e tantas da noite.
Dia útil ou não, foi o dia que eu percebi que todo mundo tem seu tempo, uns são mais rápidos e tem certeza ao menos do que não querem, como eu e a Zaíra. Outros são extremamente mais lentos, com menos velocidade, mais medo e tensão. Como ele mesmo disse: "medo de mim mesmo", ou seja, o principal problema deles são eles mesmos.
Mas pra gente saber qual é a velocidade de cada um é preciso pouco tempo (um mês no máximo). Acontece que você sabe qual a sua velocidade, só não sabe se você consegue reduzir tanto.
Talvez pra algumas pessoas valha a pena reduzir e esperar, se ao menos você perceber algum sinal de aumento constante de velocidade (ficou parecendo trecho de aula de física).
Só não vale ficar parado, como um poste ou uma estátua.
Seria frustrante e eu teria trocado um amor certo por outro incerto e enrustido.

Bom ano para todos!