26 janeiro 2010

Um pedaço

Nessa manhã eu acordei achando que era um dia qualquer.
Me espreguicei lenta e preguiçosamente como sempre e joguei meus pés no chinelo já gasto.
Senti suas alças passarem por entre meus dedos, tão leve que achei não ter conseguido colocá-los corretamente.
Olhei para eles, pela primeira vez hoje, e percebi que havia acertado o alvo.
Mas algo estava estranho.
Quando dei o impulso necessário para me levantar, achei que ainda estava deitado com o peso distribuído uniformemente em meu corpo.
Demorei pra entender o que se passava.
Olhei novamente para meus pés e depois olhei pela primeira vez no meu travesseiro. Só aí me lembrei da noite passada.
Me lembrei que aquela água salgada no travesseiro eram lágrimas. Mas lágrimas de felicidade que com elas, você saiu e agora, nunca mais vai voltar.
Então dei apenas alguns passos à frente, abri a a janela do quarto e respirei, depois de anos, profunda e calorosamente.
Achei que meus pulmões não iriam suportar. Mas meu cérebro mandou uma mensagem que passou diante dos meus olhos e foi direto para o coração, que bateu regularmente.

A mensagem dizia:
"Pronto, agora você pode amar"

4 comentários:

Pedro Emanuel disse...

Wow! That's incredibly deep!

Anônimo disse...

...

Ana Claudia Machado disse...

Own!
É tão você esse texto amore!
De verdade, acho que um dos melhores.

Nunca é tarde para respirar fundo e descobrir que você está livre (por mais que haja evidências de que você continua preso). O mais importante é o que o coração diz.
Lembre-se daquele teste que fizemos: "vc consegue equilibrar razão e emoção".

Tudo bem, eu sei que comigo a emoção ganhou, mas boto fé em vc...
Afinal, alguém precisa pensar...rs
Obrigada pelos baldes de realidade que vc joga em mim.

Beeejo.

Pensamentos soltos traduzidos em palavras. disse...

Perfect!

"Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim... Quem disse que ser adulto é fácil?"

Arnaldo Jabor