29 janeiro 2013

Dia Nacional da Visibilidade Trans - Sobre a liberdade do corpo

No Dia Nacional da Visibilidade Trans, eu não vou fazer um post qualquer. Vou escrever. Uma nota, um texto. Preciso falar o quanto as pessoas trans e suas histórias são importantes para mim. O quanto eu aprendi com essas pessoas, o quanto eu aprendo a cada dia. Preciso falar o quanto as respeito, como elas se portam como seres humanos únicos, livres. 

Vivi e vivo num circuito misto: homossexuais, heterossexuais, bissexuais, queers, trangêneros, transexuais, travestis, drag queens. A experiência de vida de cada uma dessas pessoas, seres humanos como todos nós, é lição de vivência, de superação e de objetivos. Percebi, depois de anos, que esses seres humanos incríveis estão à margem da nossa sociedade. São transgressores. TRANSGRESSORES. Eles destroem todos nossos preconceitos, toda a normatização a qual somos instrinsicamente condicionados a acreditar, a botar fé. Esses transgressores me deram e continuam dando tapas na cara, me dão socos e chutes de realidade. Cada comentário transfóbico dentro do próprio círculo LGBT me faz perceber o quanto esses transgressores precisam ser aplaudidos, de pé. Ovaciono cada um deles. Cada um que não se submete aos padrões de comportamento impostos por nascer com pênis, com vagina, com os dois. Ovaciono de baixo, porque não me considero ninguém perto deles. Sou um grão de areia que, ao lado deles, aprendo cada vez mais, me torno rocha. 

Transfomar o próprio corpo é uma situação diária. É uma transgressão por palavras, por gestos, roupas, comportamentos na cama, perfomances no trabalho, na rua, no ônibus, na padaria, no mercado, no banco. Esses transgressores são a matéria bruta da alma. Se tornaram a matéria bruta da minha alma. Precisei morrer diversas vezes para saber como sobreviver como eles. Eles vivem, sobrevivem. E nós, o que fazemos? Vivemos nossa rotina, banal, por vezes fugimos, corremos, para poupar nosso corpo. 

Sinto o machismo no movimento feminista. Sim, existe transfobia. Sim, existe homofobia. Em graus diferentes, mas existe. Luto para que o movimento feminista aceite o grupo trans e queer. Uma aceitação básica, humana. 

Quero que saibam o quantosou grato por abrirem meus olhos. Quero, aqui, jurar que SEMPRE vou lutar ao lado de vocês. De todas as minorias, de todos que são massacradaos. MASSACRADOS POR REGRAS QUE NÃO FORAM FEITAS POR NÓS, NEM PARA NÓS.

Nós somos o futuro. Pode não ser eu, nem você. Mas começamos a mudança. Nós somos a mudança que queremos, devemos ser essa mundança. Diária, contínua e que JAMAIS acabará. 

Nós somos a mudança. 

Parabéns a todos seres humanos que lutam. Que não abaixam a cabeça. 

Parabéns a quem exige a liberdade do próprio corpo. 

E obrigado. Meu humilde e sincero: obrigado.




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